ESTUDOS BÍBLICOS - SÉRIE PROMESSAS DE DEUS
ESTUDO 6 - COMO ALCANÇAR AS PROMESSAS DE DEUS - PARTE 1
Para que a promessa de Deus se torne uma realidade, torna-se necessário crer e cumprir as condições determinadas pelo Senhor.
INTRODUÇÃO
- Estamos chegando ao fim de mais uma série de estudos bíblicos. Nesta série, pudemos estudar várias das promessas de Deus. Alguns então perguntam: o que fazer para alcançar as promessas de Deus? Vamos dividir esta resposta em 3 tópicos. Primeiro vamos nos ater sobre os pressupostos para BUSCARMOS as Promessas de Deus. Depois, vamos verificar os REQUISITOS para ALCANÇARMOS as promessas de Deus. E por fim estudaremos sobre os OBSTÁCULOS para alcançarmos as promessas de Deus.
- Vamos então ao primeiro tópico
I – OS PRESSUPOSTOS PARA BUSCARMOS AS PROMESSAS DE DEUS
- Texto para leitura: Jr.1:12
- Nesta última lição desta série, traremos alguns parâmetros bíblicos concernentes ao desfrute das promessas de Deus, como as Escrituras nos ensinam a alcançarmos tudo quanto está prometido por Deus ao homem. Trata-se, sem dúvida, de uma sábia preocupação, já que vivemos um instante na Igreja em que uma das frases mais ouvidas é “receba a bênção” ou, simplesmente, “receba”, como se as promessas e as bênçãos divinas fossem uma questão tão somente de se pôr à disposição para ser servido pelo Senhor, que, pateticamente, é reduzido a condição de simples “servo”.
- Como vimos nesta série, a promessa de Deus é uma afirmação feita pelo Senhor a respeito de fatos que, para o ser humano, são futuros, mas que são vistos como já concretizados por Deus, para quem o tempo simplesmente inexiste. Assim, quando tomamos conhecimento de uma promessa de Deus, podemos imediatamente entender que a promessa é de cumprimento inevitável, pois, para o Eterno, não há “promessa” propriamente, mas um verdadeiro acontecimento. O que, para nós, é uma promessa, para Deus já é um “fato”, um “acontecimento”.
- Ora, se, para Deus, que é a verdade (Jr.10:10), a promessa já é um fato, já é algo que está concretizado, não há motivo algum para que o crente deixe de crer na promessa divina, visto que ela já aconteceu aos olhos de Deus, Deus este que não pode mentir (Hb.6:18), que é a própria verdade. Tem-se, pois, que a eternidade e a veracidade divinas são, por si sós, suficientes para que cheguemos à conclusão de que a promessa de Deus é de cumprimento inevitável e que, assim, podemos crer nela.
- Mas, além da eternidade e da veracidade divinas, temos, também, um outro elemento decorrente da própria natureza divina para crermos nas promessas do Senhor. Deus não muda (Ml.3:6), é fiel, não pode negar-Se a Si mesmo (II Tm.2:13), de tal modo que o que o Senhor tem falado, não pode ser alterado. Como Ele é soberano e Sua operação ninguém pode impedir (Is.43:13), temos que o que Deus falou, vai acontecer, por causa da Sua imutabilidade (Nm.23:19).
- Não bastasse mais este fator da natureza divina, não podemos deixar de observar, também, que a própria Bíblia Sagrada nos mostra que Deus, apesar de Sua eternidade, veracidade, fidelidade, imutabilidade, que são suficientes para crermos nas Suas promessas, ainda faz questão de revelar ao homem que também está permanentemente cuidando para que o que Ele disse se cumpra. Ao Se revelar a Jeremias, quis o Senhor mostrar que tem este cuidado especial, afirmando que vela pela Sua Palavra para a cumprir (Jr.1:12).
- Em Jr.1:12, o profeta relata uma visão que teve de uma vara de amendoeira. A amendoeira é a primeira árvore a florescer na Palestina, daí porque seu nome em hebraico, “shaqued”(???), ser um derivado da palavra “despertar”. A amendoeira seria, então, uma “árvore desperta”, uma “árvore vigilante”, simbolizando a “prontidão”. Isto nos fala que a Bíblia é a Palavra de Deus porque somente em Deus o querer é o efetuar (Fp.2:13) e, portanto, somente Deus pode falar e o que foi falado se cumprir sem que nada necessite ser feito além do próprio pronunciar e Deus no-lo prova através da própria criação. Por isso, podemos dizer, como afirma o pastor Severino Pedro da Silva, membro da Academia Brasileira Evangélica de Letras e da Casa de Letras Emílio Conde, “nem todos os homens cumprem a Palavra de Deus, mas ela se cumpre na vida de todos os homens”.
- A amendoeira também simbolizava a pressa, já que era a primeira árvore a florescer na primavera. Esta pressa significa a impossibilidade de haver obstáculos para o cumprimento da Palavra, bem como a prioridade absoluta que ela assume ante os desígnios divinos. A Bíblia, assim, mostra ser algo que é levado em primeiro lugar, que ocupa o primeiro plano da vontade de Deus, a ponto, inclusive, de o salmista ter dito que Deus a pôs acima dEle próprio (Sl.138:2). O desígnio divino revelado ao profeta é a de que Ele vela pela Sua Palavra para a cumprir, é esta a sua prioridade. Deus tem um compromisso inquebrantável com a Sua Palavra e, assim como a amendoeira é a primeira árvore a florescer, também a Palavra de Deus é a primeira a produzir seus frutos na ordem estabelecida pelo Senhor. Por isso, não se pode, em absoluto, ter outra atitude, enquanto servos de Deus, senão a de pôr a Palavra como única regra de fé e prática nas suas vidas.
- Ninguém pode impedir o cumprimento da Palavra de Deus e, como ela é soberana, engrandecida pelo próprio Deus acima de Seu próprio nome, vemos que nada poderá impedir a ação divina de cumprimento da Sua Palavra (Is.43:13 “in fine”). Desta forma, devemos ter plena consciência de que tudo que está escrito se cumprirá e que nós, como conhecedores desta Palavra, devemos sempre obedecer a ela e, assim, alcançados pelas bênçãos e promessas que ela contém.
- Por fim, ainda sobre a visão tão elucidativa de Jeremias, vemos que Deus mostrou ao profeta “uma vara de amendoeira”, e “vara”, como sabemos, indica orientação, direção, julgamento. A Palavra de Deus é um guia para o homem, é a seta que indica a Cristo, o caminho que conduz à vida eterna. A Palavra, respeitando o livre-arbítrio humano, aponta qual deve ser o Caminho e nós o seguimos, ou não, conforme a nossa própria vontade. No entanto, a Palavra é “uma vara de amendoeira”, ou seja, ela nos julgará pela decisão que tomamos em relação a ela, um julgamento que é, como a amendoeira, pronto, prioritário e que não poderá ser impedido por ninguém (Jo.12:48).
- Por tudo isso, temos que as promessas de Deus estão vinculadas à própria natureza do Senhor, são expressões da Sua própria Deidade, de modo que não podemos entender as promessas de Deus de outra maneira. São as promessas benefícios aos homens? Sem dúvida que são, mas as promessas revelam, antes de mais nada, a natureza de seu autor, a própria Divindade e devem servir, pois, prioritariamente, para que compreendamos quem é este Deus que promete. Diante das promessas de Deus, não deve o crente se apresentar com uma tola ordem de “receba”, mas, sim, em alto e bom som, exclamar: “A minha alma engrandece ao Senhor e o meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador(…) porque me fez grandes coisas o Poderoso e santo é o Seu nome.” (Lc.1:46,47,49).
- Mas, além de demonstrar o seu caráter, as promessas de Deus também denotam a soberania divina. Deus promete porque quer, não porque precise prometer. Toda promessa divina é um ato da vontade de Deus, e, por isso, as promessas se apresentam como compromissos que vinculam a Deus mas de acordo com a Sua vontade. Por este motivo, a promessa de Deus se cumpre única e exclusivamente de acordo com a vontade de Deus e para cumprir os propósitos, os desejos delineados pelo Senhor.
- Não foi à toa que, ao nos ensinar a orar, o Senhor Jesus fez questão de ressaltar que sempre devemos pedir que a vontade de Deus se faça assim na terra como no céu (Mt.6:10), tendo, Ele próprio, que sempre ensinou o que fez (At.1:1), orado neste sentido desde quando entrou no mundo (Hb.10:7), como também quando se encontrava em grande agonia no Getsêmane (Lc.22:42). A consciência de que a vontade de Deus deve imperar é algo que todo crente deve ter, principalmente quando se trata de verificar o cumprimento das promessas de Deus. Devemos sempre, quando falarmos em promessas de Deus, lembrar que as promessas de Deus são atos da vontade do Senhor e que, por isso, se cumprem de acordo com esta vontade, para que se atinjam os propósitos delineados por Deus quando se fez a promessa.
- Por isso, quando se trata de buscarmos meios para podermos alcançar as promessas de Deus, temos de ter a lucidez espiritual necessária para sabermos quais são as promessas que o Senhor nos deixou e quais as condições necessárias para que delas desfrutemos. Mais uma vez se mostra como é indispensável que o cristão tenha conhecimento das Escrituras, a fim de que não venha a errar e, enganado pelo inimigo, equivocadamente se decepcionar com o Senhor, dando, assim, margem para a incredulidade e a rebeldia contra Deus, atitudes que o levarão à perdição eterna. Sem conhecimento da Palavra, haverá destruição espiritual (Os.4:6) e, em matéria de promessas, isto se mostra de forma clara e evidente.
- Mas, além de sabermos que a promessa de Deus é um ato de vontade do Senhor, devemos também observar que toda e qualquer atitude divina tem um propósito. Deus é um ser moral, é um ser que deseja e todo desejo tem uma finalidade, um objetivo. Não é surpresa que toda a criação tenha sido organizada em termos de propósito, ou seja, tudo tem seu tempo determinado e seu propósito debaixo do sol (Ec.3:1). Tal circunstância, aliás, não escapou aos próprios gentios, notadamente os filósofos gregos, que sempre apontaram a existência de um objetivo, de um propósito em toda a ordem cósmica, em especial o filósofo Aristóteles.
- Por isso, torna-se ainda mais importante conhecermos a Palavra de Deus para que saibamos como alcançar as promessas de Deus, porque é tão somente a Bíblia quem nos pode trazer quais os propósitos divinos em cada promessa. Os pensamentos de Deus são inalcançáveis pela razão humana (Is.55:9) e, se não for por revelação, jamais poderíamos saber quais os desígnios do Senhor (Am.3:7; Jo.15:15). Daí porque não podermos querer desfrutar das promessas de Deus se, antes, não consultarmos e meditarmos profundamente na Sua Palavra, onde são revelados os mistérios divinos.
- Assim, para quem quer alcançar as promessas de Deus, deve, antes de mais nada, lembrar que a promessa de Deus é uma expressão da natureza do Senhor e de Seu caráter, como também um ato de vontade que, como ato de vontade, tem um propósito, um objetivo, uma finalidade. Tudo isto exige o conhecimento da Palavra de Deus, a revelação do Espírito Santo sobre o texto sagrado, condições indispensáveis para que possamos compreender quais são as promessas e porque e para que elas foram reveladas ao ser humano.