O deserto tem muitas faces: solidão, aridez, desconforto, esterilidade. Todas as vezes que nos vemos em volta de tais realidades é porque inexoravelmente estamos atravessando um deserto. Necessariamente, não precisa ser um Saara, ou um Arizona. Pode ser uma doença inflexível, um problema familiar insolúvel ou uma angustia implacável da perda de um ente querido. Não importa! Seja literal ou não, geográfico ou conjuntural, físico ou psicológico, o fato é que desertos têm sempre a mesma fisionomia: são secos, solitários e terrivelmente deprimentes. São capazes de gerar em nós a pior das sensações: a solidão.
Mas por que passamos por Desertos? Qual o motivo que nos leva vez por outra a passarmos pela experiência dura dos desertos da vida? Por mais que tais realidades sejam subproduzidas por conjunturas criadas pelo próprio homem e suas próprias decisões, a Palavra de Deus nos diz que o deserto (seu e meu), com todas as suas proposituras de dor, sempre é uma escola de Deus.
Quando o curso de nossa vida toma esse aspecto calcinatório e desolado dos ermos é porque Deus está querendo nos ensinar algumas lições importantes, as quais não germinam na topografia da alegria, da bonança e da prosperidade. Só os desertos oferecem “fertilidade” para tais verdades abrolharem em nossas vidas. O texto que lemos nos dá três grandes lições que aprendemos nessa dura, terrível, mas necessária escola de Deus.
1. No deserto nós aprendemos a ouvir a voz de Deus. É interessante o fato da palavra deserto, no hebraico ‘midbar’, vir da mesma raiz da palavra ‘dabhar’ – falar. Isto se deve intrinsecamente ao fato de que o deserto é um lugar onde Deus fala e nós nos dispomos a ouvir. Onde Ele nos comunica as Suas mais importantes mensagens, e nós damos ouvidos à sua voz. Passamos a vida inteira em nosso gáudio sem ouvir (ou dar ouvidos) à Sua voz, mas o deserto corrige isso: é o megafone de Deus, a dizer tudo aquilo que sempre relutamos ouvir, e a nos comunicar tudo aquilo que sempre prescindimos saber. Neste lugar solitário, só a voz de Deus é maior do que a voz da solidão, da dor. Se não fosse essa experiência do deserto pela qual passamos poderíamos viver a vida inteira sem ouvir ou conhecer o que Deus tanto deseja nos ensinar – e que só é possível trazendo-nos a essa angustiante escola de sofrimento.
2. No deserto nós aprendemos ser humildes. O verso 2 diz que Deus levou Seu povo ao deserto para fazê-los humildes (melhor tradução). Isto para ensinar-lhes a dura lição da humildade. Porque o deserto não é só um lugar de condições precárias para a sobrevivência, é também um lugar de obscuridade. Nos desertos nós temos que aprender a conviver com a dura realidade da solidão. Fomos sacados da fama e abandonados no meio do solitário anonimato. Como Moisés (tirado do palácio e levado ao deserto), deixamos de ser importantes, e temos que conviver com a dura realidade da obscuridade. Deixamos de ser “a bola da vez”, o “cara in”, a referência. Essas coisas deixam de ser importantes no deserto: lá é uma lixa de Deus que remove essa espessa e dura camada de orgulho com a qual nos vestimos nos momentos de prosperidade. Que dura lição essa que os desertos nos ensinam, mas necessária. Eles nos ensinam que não precisamos dos “tapinhas nas costas”, dos aplausos, dos holofotes da glória humana. Precisamos apenas de Deus.
3. No deserto nós aprendemos a lição do autoconhecimento. O deserto revela quem nós somos. O verso nos revela esse terceiro propósito: “... para saber o que estava no teu coração...”. Na verdade, não há nada como um deserto para nos ajudar a conhecer o nosso próprio eu. Foi o deserto que revelou o coração maldizente e incrédulo do povo que saiu do Egito. Quando as crises chegaram, eles revelaram quem realmente eram. Todos os bonitos e falsos trajes da aparência foram removidos, dando lugar à verdadeira face do seu coração e do seu caráter. Quando estamos atravessando um deserto, é porque há uma face oculta do nosso ser que precisa ser conhecida e tratada na presença do Senhor.
Não obstante todas as múltiplas faces aterrorizantes que os desertos tenham, todos eles cumprem esse propósito pedagógico em nossas almas. Deus jamais nos põe na fornalha ardente do deserto para nos destruir. Ele apenas nos refina. Nos torna melhores. Pensemos nisso.
sexta-feira, 20 de novembro de 2009
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No deserto, irmão Heraldo, otimizamos a nossa vida espiritual, o nosso relacionamento com Deus, haja vista que a salvação é um processo. É no deserto que adquirimos a maturidade cristã.
ResponderExcluirO deserto é a prova que precisamos para passar de um nível a outro na intimidade com Deus. Ele nos leva ao deserto para se aproximar de nós ali. É onde formamos o nosso caráter, acima de qualquer circunstância. Ali aprendemos sobre ser fiéis no pouco, estabelecemos nossas prioridades e vemos que com Deus não se brinca! Não dá pra vivermos uma vida cristã superficial no deserto; por isso Deus usa esses momentos pra fundamentar as bases de nossa fé.
que mensagem profunda!!
ResponderExcluirna verdade aprendi mais um pouco...
muito importante saber que foi no deserto, que JESUS, venceu o diabo!!!
olha que mensagem gostosa de ler , pedimos a deus que nos ensine a vive-la, muito me ensinou, ainda mais na parte que fala sobre a nossa face. creiamos cada dia na providencia de Deus no deserto.
ResponderExcluirQue mensagem magnífica e poderosa com palavras tao simples porém com um potencial tao forte que alcança os corações sedentos de fome e sede da presença de Deus !!!!!
ResponderExcluirFalou muito ao meu coração e que o abençoe !!!!
Que mensagem magnífica e poderosa com palavras tao simples porém com um potencial tao forte que alcança os corações sedentos de fome e sede da presença de Deus !!!!!
ResponderExcluirFalou muito ao meu coração e que o abençoe !!!!