quinta-feira, 27 de agosto de 2009
CANTANDO MENTIRAS
Canto sem parar pra pensar. Canto sem meditar no que estou cantando.
Ouço músicas que os autores e cantores dizem uma coisa, mas na prática vivem outra.
Creio que essa é a tônica atual do mundo gospel. Muita música, algumas de boa qualidade, outras de média e muitas de baixíssima qualidade espiritual.
Outro dia, em alguns minutos ouvindo um programa de rádio, parei pra meditar em algumas melodias, de grande sucesso do mundo cristão.
Uma determinada cantora gospel muito famosa diz em um hino missionário que canta: “leva-me a pregar aos ribeirinhos do Amazonas”. Fala sério. Quando a convidamos para vir a Macapá, onde só passa o Rio Amazonas, se não tiver um bom cachê, com certeza não virá.
Pregar aos ribeirinhos do Amazonas é tarefa árdua que até nós – caboclos – não temos nos desincumbido satisfatoriamente.
Outro dia, na net, a irmã Lice Cabral, comentando sobre este assunto, separou algumas pérolas para nós. Vejamos:
1. “Abro mão dos meus sonhos...” Será? Deixo qualquer coisa pra seguir o Senhor? Eu deixo meu emprego dos sonhos e a minha namorada estonteante por entender que ambos me põem em rota de colisão com o meu Deus?
Nada contra os empregos dos sonhos nem contra as namoradas estonteantes, que bom se tiver as duas coisas! Sejamos sérios.
Eu ando meio cismado, cantando pouco, pensando muito.
2. “Abro mão da minha vida...!” O que exatamente o compositor tem em mente? Uma nova leva de mártires? Iria o animado crente pra Índia? Estão matando os missionários lá, queimando igrejas; quebraram o projetor e sumiram com o filme “Jesus” de uns amigos meus. Dispõe-se a morrer por Cristo, ou é só simples e inútil metáfora?
3. “E não há na Terra a quem eu queira mais que a Ti... Eu estou disposto a morrer por Ti... E o sacrifício sou eu... Abro mão dos meus sonhos, abro mão dos meus planos, abro mão da minha vida por Ti... Abro mão dos prazeres e das minhas vontades, abro mão das riquezas por Ti...” Ufa!
São afirmações pra lá de sérias. Entendo que cada salmo composto por Davi (especificamente Davi) era conseqüência direta da sua vida com Deus. Davi nãos compôs salmos de olho no mercado devocional em alta; traduziu belissimamente cada momento feliz ou desgraçado que viveu densa e intensamente na presença d’Aquele que a ele referiu-se como a menina dos Seus olhos.
Atentemos para os afirmativos. Sou mesmo crente o bastante pra cantar tudo isso sem medo de passar por hipócrita? E se, só “e se” Deus resolvesse tirar a limpo esses rompantes de cega fidelidade? O que sobraria?
Minha vida não me permite cantar dessa forma acima, sem ser hipócrita. Sou fraco demais, fútil até, faço tão aquém do necessário! As palavras do Senhor em Lucas 17: 10 remetem-me a real perspectiva daquilo que sou pra Deus, que me conhece pra dedéu e não se fia em meus arroubos de abnegação. Ele sabe o quanto amo e até onde posso ir pra demonstrar esse amor.
Atualmente meu sonho e estruturar uma pequenina e acolhedora igreja na periferia, pra pastorear e cuidar de pessoas, a quem o Pai chama de Filhos.
Alguém, escrevendo a respeito daqueles dois jovens moravianos que se venderam como escravos para entrarem numa ilha e evangelizar escravos, disse: “Os moravianos não oravam por aquilo que não estavam dispostos a ser a resposta.” Ou seja, se oravam pedindo obreiros, estavam dispostos a serem enviados como obreiros, se oravam por recursos, estavam dispostos a aplicar os seus próprios recursos.
Certamente que muitos há que cantam e arcam com os desdobramentos das afirmações daquilo que cantam, no mundo espiritual.
Quanto a mim, vou aprender uma música do Asaph Borba, cuja letra diz assim: “Ensina-me amar, mesmo quando só há ódio ao meu redor. Ensina-me a dar, mesmo quando não há nada a receber. Ensina-me a aceitar tudo quanto tens preparado para mim. Confiando que tudo está nas Tuas mãos, e que tudo vem de Ti Jesus. Ensina-me a adorar mesmo quando há pranto em meu coração; também a perdoar, como a mim tens revelado o Teu perdão. E que eu possa ter mais sede de Te conhecer melhor, cada dia mais vontade de estar ao Teu redor, escutando Teu falar, sentindo Teu amor, vivendo junto a Ti, Senhor.” Aleluia! Isso eu posso cantar!
E com essa música eu declaro: nunca mais sentirei inveja dos irmãos católicos e sua incomparável oração de São Francisco de Assis. Valeu Asaph!
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PUXA!AMADO...ABRO MÃO (TRAZENDO A ARCA) É MINHA CANÇÃO PREFERIDA,NO ENTANTO AO OBSERVAR SUAS ANÁLISES QUE POR SINAL BEM COMENTADAS, PUDE PERCEBER QUE CERTAMENTE É ÚTOPICO E COMO VC DISSE ATÉ HIPÓCRISIA ,POIS SONHOS E REALIZAÇÕES SÃO ALMEJOS TIPICO DO SER HUMANO.PAZ
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